quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Niterói sem futebol

Estádio Caio Martins (Foto: Álvaro Rosa/Lancepress)
Caio Martins recebe poucos jogos (Álvaro Rosa/Lancepress)
Cidade, que já deu três times ao Brasileirão, hoje não tem nenhum no Estadual.
A melhor qualidade de vida do Estado do Rio de Janeiro, mas nenhum clube profissional em qualquer uma das três divisões do futebol carioca. Essa é a triste realidade de Niterói, a segunda cidade do país em que não há nenhum clube ativo em competições estaduais (perde apenas para Contagem, em Minas Gerais). Com quase meio milhão de habitantes, a Cidade-Sorriso hoje vive dias de tristeza no futebol. Cenário de decadência em comparação com a metade do século passado, quando era comum ver times niteroienses jogando a Taça Brasil.

Niterói é hoje a 40ª cidade mais populosa do Brasil, mas quase lidera o triste ranking de grandes cidades em que não existem clubes ativos atualmente. O contraste com a vizinha São Gonçalo, que contou com três equipes na Série C deste ano (uma delas campeã), torna o prisma niteroiense alvo de ainda mais admiração. A rigor, a cidade é uma das únicas entre as 19 da Região Metropolitana sem times profissionais, ao lado de Japeri, Maricá, Itaguaí, Seropédica e Paracambi.

Até o Estádio Mestre Ziza, o popular Caio Martins, que pertence à Prefeitura de Niterói, mas é uma das sedes oficiais do Botafogo, já não recebe mais o Alvinegro, tampouco os clubes locais. O campo se limita a ser sede de partidas das categorias de base do Glorioso. De acordo com o Cadastro Nacional de Estádios de Futebol (CNEF), o Caio Martins tem capacidade para receber até 12 mil pessoas.

Passado de glórias na cidade
Nos áureos tempos, Niterói chegou a rivalizar com Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, pelo posto de cidade mais forte do interior do Estado dentro do futebol. Clubes como Fonseca e Canto do Rio eram nomes comuns nos torneios do interior, mas perderam força a partir dos anos 70. Byron, Gragoatá, Barreto e Manufatora foram outros times que também se consagraram como campeões estaduais.

Porém, numa altura em que o restante do Rio começou a crescer, sobretudo nos anos 90, o futebol de Niterói caiu de rendimento. O Canto do Rio, time mais famoso da cidade, até disputou alguns campeonatos contra os clubes do outro lado da Baía, décadas antes. Também foram alguns os Estaduais jogados após a fusão da Guanabara com o restante do Rio de Janeiro, mas nunca um clube local conseguiu se firmar de vez. Destino inglório para uma cidade que já teve nomes relevantes no futebol brasileiro, como Didi, Gérson, Zizinho, Ely do Amparo e Danilo Alvim.

O contraste da decadência niteroiense fica ainda maior quando se volta no tempo, às décadas de 1950 e 1960. O Manufatora, como campeão fluminense de 1958, teve o direito de jogar a Taça Brasil de 1959, considerada hoje a primeira edição do Campeonato Brasileiro. O time foi eliminado em dois jogos, para o Rio Branco (ES). O Fonseca Atlético Clube, da mesma Niterói, jogou as edições de 60, 61 e 63, enquanto a Eletrovapo jogou em 1965.

Retornos recentes acabaram frustrados
Recentemente, houve tentativas de “ressuscitar” o Fonseca, o maior dos campeões municipais de Niterói, com 11 conquistas. O mesmo foi feito com o Canto do Rio. Entretanto, as possibilidades nunca saíram do papel e a chance de um dérbi da cidade voltar a acontecer após várias décadas ficou novamente adiada.

Até poucos anos atrás, o Bela Vista representava Niterói na Série C do Carioca, mas transferiu sua sede para São Gonçalo, que pode começar 2014 com até quatro clubes disputando o campeonato: São Gonçalo EC, São Gonçalo FC, Gonçalense e o próprio Bela Vista.

Um dos últimos times de Niterói a disputar os torneios profissionais no Rio foi o Cruzeiro, em 1998. Outros clubes como os centenários Ypiranga, Humaitá, Icaraí, Parnahyba, Odeon e Elite não tiveram a mesma sorte: acabaram extintos, mesmo tendo escrito seus nomes na história do futebol local, hoje refém de times de destaque no cenário profissional do Rio de Janeiro.

Confira o ranking das 20 maiores cidades fluminenses sem futebol profissional*:
(entre parênteses a posição estadual em termos de população)
1. Niterói 487.397 (5)
2. Maricá 127.519 (22)
3. Itaguaí 109.163 (25)
4. Itaperuna 95.876 (27)
5. Japeri 95.931 (28)
6. Barra do Piraí 94.855 (29)
7. Seropédica 78.183 (31)
8. Valença 71.894 (34)
9. Rio Bonito 55.586 (35)
10. Cachoeiras de Macacu 54.370 (36)
11. Paracambi 47.074 (38)
12. São Francisco de Itabapoana 41.357 (39)
13. Paraíba do Sul 41.088 (40)
14. Paraty 37.575 (42)
15. São Fidélis 37.553 (43)
16. Bom Jesus do Itabapoana 35.384 (45)
17. Casimiro de Abreu 35.373 (46)
18. Vassouras 34.439 (47)
19. Paty do Alferes 26.831 (53)
20. Miracema 26.829 (54)
segundo números do Censo de 2010, feito pelo IBGE

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, é muito importante