Fera da Baixada disputará a Segunda Divisão 2014 com novo escudo, nome e município
Vinte e três anos depois, a cidade de Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, volta a ter um clube de futebol profissional. Surge em 2014 o Itaguaí FC, que vai substituir o Tigres do Brasil no Campeonato Carioca da Série B. As negociações tiveram um final feliz e a nova agremiação, que será comandada pelo “Rei do Acesso” Manoel Neto, vai debutar na Segundona já nesta temporada. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura local e visa colocar o município em evidência na elite do futebol do Rio de Janeiro.
Presidente de honra do Duque de Caxias e amigo pessoal de Luciano Mota (PSDB), prefeito de Itaguaí, o deputado federal Washington Reis (PMDB) foi quem intermediou as negociações. O novo clube, inclusive, contará com uma parceria com o Tricolor da Baixada para troca de jogadores e integração nas categorias de base, buscando revelar novos talentos nas duas cidades. Duas promessas, inclusive, já foram emprestadas: o lateral-esquerdo Luquinhas e o atacante Rafinha. Outros atletas podem seguir o mesmo caminho.
Além dos emprestados, o Itaguaí contará com uma base formada há anos pelo técnico Manoel Neto. Já se apresentaram ao elenco o goleiro Hugo (ex-Boavista), o zagueiro Marlon (ex-Portuguesa), o volante Sassá (ex-São João da Barra), os meias Guilherme (ex-Portuguesa) e Tiago Ramos (ex-Bonsucesso) e o atacante Alexandre Calango (ex-Serra Macaense). Os trabalhos começaram antes mesmo do término das negociações e seguem a todo vapor no CT do Tigres, em Xerém. Escudo e uniforme também foram desenhados.
Detalhe do escudo com Rafinha (foto: Vitor Costa)
O símbolo remete ao brasão da cidade e o uniforme lembra o da seleção da Espanha, em vermelho e azul. Porém, apesar de já estar tudo acertado entre Prefeitura de Itaguaí, “intermediador” Washington Reis e os donos do Tigres do Brasil, os nicaraguenses Miguel Larios e Aristóteles Larios, a mudança ainda não foi oficializada junto à Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ). Como a tabela da Série B já foi divulgada, existe a possibilidade de que o novo nome só possa ser utilizado em 2015, semelhante ao que aconteceu com o Audax/Sendas.
Jogo-treino contra o Duque de Caxias (foto: Vitor Costa)
Dois anos, aliás, é o tempo que o projeto espera tomar o rumo da elite do futebol do Rio de Janeiro, segundo revelou o prefeito Luciano Mota ao FutRio. Esta também é a duração do contrato do treinador Manoel Neto. Para que a cidade possa comportar jogos deste porte, a ideia, que ainda não saiu do papel, é construir um estádio em Itaguaí com capacidade para 10 mil pessoas na área de um já existente, no Centro. Enquanto isso, o time seguirá utilizando a estrutura do Tigres do Brasil para a disputa do campeonato profissional.
Ainda não há definição, porém, do que será feito com toda a área do Tigres após a mudança definitva do clube. O local conta com o estádio, seis campos, academia, alojamentos, refeitório, piscina, auditório e muito mais. Atualmente, o Duque de Caxias, como parte da parceria, e o próprio Itaguaí estão utilizando a estrutura. As equipes, inclusive, fizeram nesta quinta-feira (9) um jogo-treino, que terminou com vitória do Tricolor da Baixada por 2 a 1. Washington Reis e Luciano Mota marcaram presença.
Subida relâmpago
O Tigres do Brasil é um dos times de sucesso mais rápido no futebol brasileiro. De início com grande investimento, a Fera da Baixada é bicampeã da Copa Rio e chegou à elite do futebol do Rio de Janeiro em 2009. O clube disputou a Copa do Brasil em 2010 e chegou a ser campeão carioca da Primeira Divisão de juniores e vice-campeão do Torneio OPG, se tornando uma verdadeira potência nas categorias de base, ganhando títulos e reconhecimento no futebol profissional.
Além da conquista dentro de campo, o Tigres do Brasil dá, até hoje, um show na estrutura, tendo um dos melhores centros de treinamento do Brasil, localizado em uma área rural de Xerém, 4° distrito de Duque de Caxias. O investimento foi alto e o Estádio de Los Larios, com capacidade para 6 mil torcedores, chegou a receber Botafogo, Fluminense e Vasco, no primeiro ano da Fera da Baixada na Primeira Divisão. A estrutura de primeiro mundo causa inveja a maior parte dos clubes grandes do país.
No entanto, assim como a subida foi relâmpago, a descida também. Em 2011, o Tigres foi rebaixado para a Série B estadual e, desde então, pouco rugiu. Com equipes mais modestas, não conseguiu o acesso nos dois anos em que disputou a Segundona e ainda abriu mão de participação na Copa Rio, da qual é bicampeão, por dois anos seguidos.
Mudanças ganham força no Rio
A “moda” das mudanças de cidade, que começou em São Paulo com o Grêmio Barueri, ganhou força nos últimos anos no Rio de Janeiro. O Estácio virou Imperial e saiu do Rio de Janeiro para Petrópolis e, mais recentemente, o Tanguá virou Gonçalense. A Prefeitura de Cabo Frio chegou a se interessar pela mudança do Duque de Caxias para a Região dos Lagos, mas a negociação não avançou.
Fora do Rio, outros casos são mais famosos, como a saída do Guaratinguetá para Americana em São Paulo e a do Ipatinga para Betim em Minas Gerais, que também teve a mudança do Ituiutaba para Boa Esporte, que foi para Varginha. Dessas, apenas a última ainda segue em atividade.
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