quarta-feira, 28 de maio de 2014

Campeonato Esquecido

Ilustração de Felipe Alves


Por Aristides Leopardo

Até 1975, o atual estado do Rio de Janeiro, como se sabe, era dividido em dois:
Guanabara, que compreendia a cidade do Rio de Janeiro, e Rio de Janeiro,
com sua capital em Niterói, que englobava todo o interior do ente federativo
 que conhecemos hoje. Essa divisão não era restrita ao setor político-
administrativo;também era respeitada no futebol: na Guanabara se
disputava o Campeonato Carioca, denominação legada ao certame atual
 (de forma equivocada).





Já o Campeonato Fluminense, disputado por clubes do estado do Rio,
 produziu campeões hoje desaparecidos dos registros.

Para a cidade do Rio de Janeiro, capital do país desde 1763, a construção
de Brasília, inaugurada em 1960, significou um esvaziamento de sua
importância nacional, já que toda a estrutura dos Poderes foi paulatinamente
 transferida para a nova capital. A cidade, que já fora Município Neutro da
 Corte e Distrito Federal, passou a ser denominada estado da Guanabara,
o que duraria até a criação da Lei Complementar Federal nº 20, de 1974,
decretando que a Guanabara fosse, até o ano seguinte, fundida ao estado
do Rio de Janeiro. Os clubes da capital disputavam o campeonato organizado
pela Federação Carioca de Futebol (FCF), e os times do estado do Rio,
 eram filiados à Federação Fluminense de Desportos (FFD), jogando seu
próprio certame.

A imprensa insiste em chamar o atual certame de “carioca”, termo referente aos
nascidos na antiga Guanabara. Assim, os campeões fluminenses nem sequer
são relacionados como vencedores dos torneios estaduais em periódicos
especializados. Hoje, quando um jovem do estado do Rio é indagado sobre
qual o time de sua preferência, logo indica um dos quatro grandes da capital.
Mas os clubes de suas cidades marcaram época e travavam duelos em lotados
estádios fluminenses.

Os jogadores dos anos de aurora do futebol fluminense – o primeiro match
realizado em Campos dos Goitacazes foi em 1912 – eram filhos de fazendeiros,
 médicos, advogados, ou estrangeiros que trabalhavam em companhias como
a inglesa Leopoldina Railway ou a canadense The Rio de Janeiro Tramway, Light
 and Power.

Os menos abastados, no entanto, foram se interessando pelo novo jogo. Os
grandes empresários logo notaram a força do futebol. Por isso, desde os
primeiros times surgidos no estado, o apoio dos patrões se faz notar,
notadamente,em Campos, que, com a capital do antigo estado do Rio, Niterói,
 foram as cidades com mais e melhores times.

A elite canavieira ajudou mais de 20 associações a nascer, inclusive algumas que
 chegariam à era profissional do futebol. Em Petrópolis, a indústria têxtil foi a
 grande impulsionadora; em Volta Redonda, o clube local teve apoio da Com-
panhia Siderúrgica Nacional (CSN); em Mendes, houve um time chamado
Frigorífico, que girava em torno deste, e, finalmente, em Niterói foram diversos
 clubes oriundos de empresas industriais, com apoio maciço do patronato.

Um desses times “operários” foi o Campos Athletic Association, fundado em
26 de outubro de 1912, que apesar do nome pomposo foi criado por negros
e mulatos, o que é mostrado em seu escudo, que tem as cores roxa e preta,
representando respectivamente o mulato e o negro, grupos predominantes
 entre os adeptos iniciais. Era, junto com o Goytacaz, o representante das
 classes populares campistas. Outra façanha do Campos, esquecida no
 passado, é que o Roxinho foi campeão (municipal) contando com jogadores
 negros em 1918, antes do Vasco da Gama de 1923, que arroga essa primazia.

Com a proliferação dos clubes, é criada em Niterói, em 7 de janeiro de 1925,
a Federação Fluminense de Desportos (FFD), porém, somente em 1951
apareceu sua Divisão de Futebol Profissional (DEP), que teve como
 clubes fundadores Adrianino A. C. (da cidade de Engenheiro Paulo de
 Frontin), Barra Mansa F. C. (da cidade de mesmo nome), Central E. C.
(Barra do Piraí), Clube dos Coroados (Valença), Esperança F. C.
(Nova Iguaçu) e Fonseca A. C. (Niterói), tendo os clubes de Campos
 se filiado ao DEP no ano seguinte, já que, como seu campeonato
municipal detinha muita força, eles relutaram em aderir.

De 1942 a 1946, os campeões municipais representavam sua cidade
 no campeonato fluminense de seleções, que foi o embrião do campeonato
 estadual. Os campeões foram o Icaraí (Niterói), em 1942, o Royal
 (Barra do Piraí), em 1943, o Icaraí, em 1944, o Petropolitano (Petrópolis),
em 1945, e o Serrano (Petrópolis), em 1946. Em 1952, o profissionalismo
 foi oficialmente implantado, ainda que sempre esbarrando nas ligas
campista e niteroiense, que possuíam seus tradicionais campeonatos
locais. Em certo momento, o vencedor do confronto entre os campeões
de Campos e de Niterói foi considerado o campeão do estado.

Ainda assim, constam como campeões fluminenses agremiações como o
Adrianino (Engenheiro Paulo de Frontin), em 1952; o Frigorífico, de
Mendes, em 1955; o Coroados, de Valença, em 1956; o Manufatura
(Niterói), em 1958; o Barbará, de Barra Mansa, em 1972 e 1973
e o Sapucaia, em 1974. Depois da fusão, mais quatro campeonatos
 com os clubes do interior se realizaram, já sem apelo.

Os clubes do antigo estado do Rio ainda participaram da Taça Brasil,
principal torneio brasileiro na época, criado em 1959 para apontar
um campeão para a disputa da Taça Libertadores da América.
O Manufatura foi o primeiro representante fluminense na Taça
Brasil, disputada nos moldes da atual Copa do Brasil, seguido
pelo Fonseca, em 1960 e 1961. Em 1962, o Rio Branco, de
Campos, campeão fluminense de 1961 foi o representante.
O extinto Eletrovapo, de marítimos de Niterói participou em 1965.

A maioria dos clubes que disputavam o antigo campeonato
fluminense voltou ao amadorismo, outros transformaram-se
em clubes apenas sociais ou fecharam as portas. Alguns
 precisaram se fundir, criando os atuais Volta Redonda e Friburguense.

Com as transmissões dos jogos dos clubes cariocas pelo rádio
chegando a todo o Brasil desde a década de 1930, esses times
conquistavam torcedores por todos os cantos do país – e com
 os ouvintes do antigo estado do Rio de Janeiro não seria
diferente. À medida que os interioranos se aproximavam dos
grandes clubes da capital, gradativamente se desinteressavam
 pelo futebol local.

O primeiro grande golpe foi quando o Canto do Rio, clube mais
popular de Niterói, se profissionalizou, em 1941 e conseguiu
 licença para jogar o campeonato do estado vizinho, já na era
 profissional, enquanto o estado do Rio continuava amador.

Outro golpe decisivo foi a decadência da indústria do açúcar em
 Campos, que fez dezenas de usinas fecharem as portas nas
décadas de 1960 e 1970. Como consequência, os clubes não
 encontraram suporte para continuar suas atividades.

Após a fusão, nenhum clube do interior conseguiu uma conquista de
 maior expressão. Americano e Volta Redonda ganharam turnos do
 Carioca e só. E assim a memória do futebol no Rio de Janeiro foi
se apagando, deixando cair no esquecimento uma parte
fundamental de sua história e agremiações que durante décadas
alimentaram a paixão pelo esporte.


domingo, 4 de maio de 2014

Gonçalense e Itaboraí estreiam com vitória

Como time grande Gonçalense FC estréia na série c do carioca,  ganhando fácil de 5 x 0 do União de Marechal sendo 4 gols já no primeiro tempo, com destaque para Vitor Borges que marcou 2 gols, outro time que fez bonito foi o Itaboraí / ADI que em sua volta a série c ganhou o Rio São Paulo por 4 x 0.

O fato negativo aconteceu no jogo entre União Central  1 x 0 Teresópolis onde os dois times entraram em campo com 9 jogadores pois não conseguiram regularizar todos atletas até o início da partida.

Veja os resultados da  rodada.

CAMPEONATO CARIOCA - SÉRIE C
1ª Rodada
Primeira fase
04/05/2014 – 11:00 – Figueira de Melo – FINALIZADO
ARRAIAL DO CABO0×3CAMPO GRANDE
Jorge Alan 15' 1T
Raí 22' 1T
 Silva 17' 2T (expulso)
Diego 45' 2T
04/05/2014 – 15:00 – Alziro de Almeida – FINALIZADO
ITABORAÍ4×0RIO SÃO PAULO
Pedro 22' 1T
Maicon 7' 2T
Alessandro 15' 2T
Felipinho 29' 2T
04/05/2014 – 15:00 – Telê Santana – FINALIZADO
DUQUECAXIENSE2×1SERRANO
Markinho 16' 1T
Markinho 21' 2T
Eliabe 29' 2T
04/05/2014 – 15:00 – José Alves Ventura – FINALIZADO
GONÇALENSE5×0UNIÃO DE MARECHAL
Vitor Borges 9' 1T (pênalti)
Vitor Borges 11' 1T
Robertinho 27' 1T
Bernardo 39' 1T
Thiaguinho 35' 2T
04/05/2014 – 15:00 – Joaquim de Almeida Flores – FINALIZADO
NOVA CIDADE3×0ATLÉTICO RIO
Rodrigo 16' 1T
Andrezinho 18' 1T
Wallace 23' 2T
 Emanuel 41' 2T (expulso)
04/05/2014 – 15:00 – Figueira de Melo – FINALIZADO
SÃO CRISTÓVÃO0×0SÃO PEDRO
04/05/2014 – 15:00 – Carlos Gonçalves – FINALIZADO
SÃO GONÇALO FC2×1ESPROF
04/05/2014 – 15:00 – Raul Ferreira Izidoro – FINALIZADO
UNIÃO CENTRAL1×0TERESÓPOLIS
Caxias 11' 1T
TIMES JOGAM COM APENAS NOVE JOGADORES DE CADA LADO, JÁ QUE AMBAS AS EQUIPES NÃO CONSEGUIRAM REGULARIZAR TODOS OS JOGADORES A TEMPO

Existe um novo clube na cidade

O Gonçalense apresentou na última quarta-feira, o uniforme que será usado nesta temporada do Campeonato Carioca Série C. A equipe de São Gonçalo vai disputar sua primeira competição oficial e já tem data marcada para estreia: neste domingo (4), às 15h, contra o União de Marechal Hermes, no Estádio José Alves Ventura, em Rio Bonito.




Festividade com presença dos dirigentes do clube, jogadores, imprensa e convidados especiais.
Otimismo foi a palavra presente na coletiva de imprensa e o presidente do clube, Joacir Thomaz, destacou o objetivo de abrir as portas para clubes da região.
- Sabemos de grandes clubes com dificuldades financeiras e nós temos capacidade de chegar longe. Além disso, queremos abrir as portas para times irmãos de São Gonçalo e de regiões próximas também  – comentou.
O presidente garantiu que o Gonçalense busca a primeira divisão do Campeonato Carioca e até mesmo a elite do futebol brasileiro.
- A gente vai bater na série A (do carioca) e vamos ficar lá, esse é o nosso objetivo. E quem sabe conseguimos, de repente, um Brasileiro da série A – enfatizou Joacir.
Emanoel Sacramento, treinador do time, também se mostrou otimista com os objetivo da equipe e se mostrou lisonjeado com o convite de treinar o time de São Gonçalo.
- Me sinto lisonjeado de estar à frente desses jovens. A responsabilidade é muito grande, mas também é um grande desafio, porque a competição é muito dura. Ainda não tive o privilégio de disputar uma terceira divisão e tem que ser levada muito a sério.
Perguntando sobre os comentários de que o Gonçalense é o favorito ao título, o treinador não fugiu e respondeu.
- Querem jogar uma responsabilidade pra gente e nós não fugimos disso.
Vice-presidente do clube, Thiago Thomaz exaltou o grupo e disse ter certeza do título da terceira divisão carioca.
- Cada um aqui é merecedor de vestir essa camisa. Esse grupo foi escolhido a dedo.  É um projeto grandioso e aqui não tem um time, nós somos uma família. Com certeza a gente vai sair desse campeonato vencedor.

Um dos destaques da equipe, Vitor Borges disse não ver diferença entre um clube da série A e o Gonçalense. 
- Eu não vejo nenhuma diferença. O trabalho está sendo feito da mesma forma que estava acontecendo no Madureira. Pelo projeto e por tudo que tá sendo criado a expectativa é muito grande.

Vitor ainda falou sobre o desejo de seguir na equipe nos próximos anos.
- Eu sou Gonçalense, pra mim vai ser uma honra muito grande se a gente chegar em uma série B, na série A ou uma série C do Brasileiro. Eu queria estar aqui, mas a gente não sabe o que  Deus tem preparado pra gente.

Projeto grandioso de um estádio padrão FIFA
O presidente Joacir comentou sobre o projeto do Estádio que vai abrigar 43 mil pessoas e a objetivo de transformá-lo em um atrativo para os cidadãos de São Gonçalo.
O estádio ficará as margens da BR 101 facilitando o acesso.

- Diante de um projeto audacioso como esse, não queremos só os 43 mil dentro do estádio, nós queremos toda a população de São Gonçalo torcendo para o clube. Queremos uma equipe que faça com que a população venha em um domingo à tarde ou uma quarta-feira à noite vir torcer com a gente. Nós queremos que esse estádio seja bem dividido com um Corinthians com um Flamengo e um Internacional, isso quando a gente chegar na primeira divisão do Brasileiro. Nós não criamos só um estádio, criamos um atrativo pra esse povo.
O projeto é considerado muito audacioso. Mas o investimento é auto, e já faz a equipe ser apontada como favorita para a contista do titulo do cariocão da serie c

 Estreia no estadual.
O Gonçalense fará seu jogo de estreia neste domingo (4), às 15h (de Brasília) diante do União de Marechal Hermes, no Estádio José Alves Ventura, em Rio Bonito. Esse será o primeiro jogo oficial do time do técnico Emanoel Sacramento e já pode ter uma vitória por W.O. já que os nomes dos jogadores do time de Marechal Hermes não constam no BIRA e com isso estariam impedidos de entrar em campo.