Esquecidos FC – Tupy Sport Club
Quem vai de trem à Paracambi se depara, no caminho, com a sede da Tupy Sport Club, que também abriga o Estádio Oswaldo Delgado de Moraes. No gramado, entre o Rio dos Macacos e a linha férrea, muitas histórias já se passaram. Aliás, muitas vezes histórias de superação. Mas não superação dentro de campo, mas sim na vida.
Paracambi é uma cidade com cerca de 49.120 habitantes (IBGE 2014), com 179.680 Km² de área territorial. Com boa parte de Mata Atlântica, o município é repleto de cachoeiras e rios. E sempre quando vem uma forte chuva, os córregos transbordam e é alagamentos na certa. Em nossa visita ao Tupy, encontramos o Seu José Belmiro, zelador do clube. Ele relembrou a enchente de 2001, que destruiu boa parte do local. “Foi horrível. Paracambi ficou submersa. O nosso gramado foi totalmente estragado, nos obrigando a criar uma vala atrás do gol, além de replantar toda grama novamente”.
Assim como o Tupy, que perdeu boa parte de suas memórias, Paracambi lutou para se reerguer. Bom, vamos voltar no tempo e conhecer um pouco da história do “Expresso Verde e Preto”.
A fundação
Em 1922, onze anos após cisão de jogadores do Fluminense, que fundaram o departamento de esportes terrestres do Clube de Regatas do Flamengo, um fato parecido ocorreu em Paracambi. Na ocasião, atletas do Paracambi Football Club (atual Brasil Industrial) se desentenderam com a direção do clube e se desligaram do mesmo. Em 1º de janeiro de 22, Francisco Nunes (Chiquinho Bagunça), Daniel Mesquita (Baianinho), Caniço, Messias, Gentil Costa, Ari de Souza, Nair Ramalho, Jazão Telles, João Costa, Vanderlino Silveira, João Soares (Joca fatureba), José Ponciano, José de Lima, dentre outros, fundaram o Tupy Sport Club.
O clube recém-criado iniciou as suas atividades numa área cedida por Afonso Nabuco de Araújo, que detinha a posse da propriedade que pertencia efetivamente à Companhia Têxtil Brasil Industrial e à Fazenda Nacional de Santa Cruz, administrada pelo INCRA. Desde 1950, o clube está situado na rua Nair Ramalho, no Centro de Paracambi.
Do Tupy para o mundo – Domingos da Guia
Apesar dos poucos registros em sua sede, o maior nome que saiu do Tupy Sport Club foi Domingos da Guia, o “Divino Mestre”. O zagueiro, logo em seguida, foi para o Bangu. E na Zona Oeste do Rio se consolidou e é lembrado pelo torcedores banguense até hoje.
Falecido em 2000, Domingos Antônio da Guia defendeu a Seleção Brasileira e conquistou por duas vezes a Copa Rio Branco (1932 e 1933) e uma Copa Rocca (1945), além da terceira colocação na Copa do Mundo de 1938. Além do Tupy e Bangu, o “Divino Mestre” defendeu as cores do Vasco da Gama, Nacional-URU, Boca Juniors-ARG, Flamengo e Corinthians-SP.
Saída do amadorismo e a chegada às competições profissionais
Tendo grande rivalidade com o Brasil Industrial, o Tupy seguiu o mesmo caminho do conterrâneo: a entrada no profissionalismo. Começou disputando o extinto Campeonato Fluminense no ano de 1954, da 2ª Zona, porém, não conseguiu avançar à segunda fase e viu o seu rival alvirrubro se classificar ao lado do Central e do Royal, ambos de Barra do Piraí. Três anos mais tarde, ficou na sexta colocação do Campeonato Fluminense, onde o título ficou com o Adrianino de Paulo de Frontin.
Após a fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, o Tupy estreou no Campeonato Estadual da Terceira Divisão de 1983. Ao lado do Nacional (1º colocado da chave), Miguel Couto, Nova Cidade, Heliópolis e Tomazinho, o Tupy avançou de fase na segunda colocação, no Grupo B. Na classificação final, o time de Paracambi ficou na lanterna, ocupando a sétima colocação. Logo depois de outro insucesso em 1984, o Tupy se licenciou das competições profissionais e só voltou à campo em 1987. Deste ano até 1989, os paracambienses acumularam novos fracassos. Até que em…
… 1990, Tupy vice-campeão Estadual – Série C
O ano de 1990 está na memória de todo torcedor paracambiense. Com basicamente todo time formado por atletas da região, o Tupy chegou ao vice-campeonato do Estadual – Série C. Ao todo, 18 equipes participaram do certame, sendo dividas em dois grupos com nove. O “Expresso Verde e Preto” conseguiu avançar à fase seguinte na segunda colocação, ao lado do Pavunense, Ceres e Itaguaí.
Na segunda fase, em grupo único, o Tupy ficou junto do Colégio, Maricá, Pavunense, Itaguaí, Carapebus, Canto do Rio e Ceres. O time de Paracambi terminou na liderança e teve que enfrentar o time banguense, que terminou em segundo, para decidir com quem ficaria com a taça. A final foi disputada em dois jogos, um no Estádio Oswaldo Delgado e outro no João Francisco. O título ficou com o Ceres e o vice para o Tupy, que foram promovidos de divisão. Sem ter sucesso na Segunda Divisão em 91, os paracambienses se licenciaram no ano seguinte.
Retornou aos campeonatos organizados pela Ferj em 1999, na Terceirona, mas novamente não teve êxito. No ano seguinte, disputou a Seletiva da Segunda Divisão, porém, foi eliminado na primeira fase. Desde então, o Tupy se encontra longe do profissionalismo e desfiliado pela Federação.
Disputas pela Liga de Paracambi e dias atuais
Fora das competições de âmbito profissional, o Tupy disputa apenas competições da liga local, principalmente na categoria de veteranos, sub-15 e sub-17. E justamente nesta última categoria, o clube conquistou um de seus maiores feitos: o título da Copa Roberto Dinamite, em 2001. Dentre outras conquistas na base, se destacam os títulos do Campeonato Mirim, Pré-Mirim, Junior, além do enacampeonato Juvenil, ambos pela Liga de Paracambi.
A principal renda do clube, atualmente, vem do aluguel do Estádio Oswaldo Delgado, para as tradicionais “peladas” do fim de semana. O clube também se sustenta com a receita oriunda de seu bar e de sua academia, além do pagamento dos sócios. O clube está sendo presidido por Luiz Alberto Ferreira dos Santos, o Bebeto.
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